quinta-feira, 8 de junho de 2017

Poeminhas, poeminhas...

Para hoje teremos poemas. Poemas que eu escrevi há alguns dias ou há alguns meses... alguns há muitos meses. O último é o mais recente; escrevi brincando com o conceito de escrita automática. Divertido.


Robô orgânico

No ventre de minha mãe,
fui sempre muito feliz.
Estava ainda longe de receber
minha primeira diretriz

Nasci e cresci com vigor.
Tudo pra mim era novo;
um verdadeiro primor.

Depois de passado o tempo,
acabou que esqueci
De como era tudo, antes
do meu outro eu assumir

Recebi minha diretriz primeira,
e a ela sempre obedeci.
Tanto fiz que foi ela
a responsável por fazer eu sumir.

Acordei, me sentei;
Li, escrevi.
Encontrei os meus trilhos
e por eles segui.

Acorde, me sentei;
li, escrevi.
Encontrei os meus trilhos
e por eles segui.

Acordei me sentei
li escrevi
encontrei meus trilhos
e por eles segui

Acordei me sentei
Lhe escrevi



encontrei-me em meus trilhos




e nunca mais me vi.





Sem título #1

Passos, pingos, paciência
Espera, externa, interna
Não cai
Não sai
Não vai
Espera.
Cessa.
Olhar, desencontro, passagem
Pele, corpo, sensação
Prisão
Querer sair

Na trêmula inquietação que me prende
No oceano profundo que vazar pretende
No momento mais quieto e pacífico da rotação terrestre

Para então, enfim, lembrar-se
Que viver não é pensar, nem calar
Que a vida se vive somente no presente

A prisão etérea: o tempo
Não o que se vive,
mas o que se visita.

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Começa de novo
O forte rajar da natureza
Cessando, gradualmente,
Coda mais bela da orquestra universal

Aqui, aguardo-te.



Sem título #2

Olhai, olhai
o Rei dos animais:
sentado esplendidamente em seu trono azul.
Cercado pela corte deplorável da vida:
Fome,
Fedor,
Miséria.




Sem título #3 (escrita automática)

Parte de mim a luz
Corta de nós, atroz
A subida dos rios
Nos fios de tudo
Habita o senhor das armas
Que suscita e grita
Aos loucos e desterrados
O fado da vida
e o pesar dos mortos

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