sexta-feira, 29 de abril de 2016

Quem sou eu?

     Afinal de contas, quem sou eu? Vez ou outra, no passado, já ponderei acerca dessa questão. Que características seriam tão inerentes a mim, que pudesse enfim colocar-me em palavras? Que ideais teria eu tão firmemente fincados em minha alma, que seriam suficientes para descriminar o meu ser? Mas eis a grande ironia: sendo, eu sou. E por ser, já me conheço como sou.
      O verbo "ser" está no infinitivo. A palavra "sou" pertence ao passado, e cada vez que a entoo, já não sou mais quem era antes. O meu ser não é estático, imutável, nem vinculado à tudo aquilo que me cerca; tudo aquilo que pratico ou vivo. Se sou estudante, não o sou, é apenas uma posição efêmera na qual me encontro, mas que nada diz a respeito de mim. Tudo é apenas parte do caminho que trilho, nunca se atrelando ao que verdadeiramente sou.
     O grande filósofo Francis Bacon dizia que para chegarmos à verdade, devemos eliminar os ídolos que habitam nossas mentes. São quatro: os ídolos da tribo (construções sociais); ídolos da caverna (nossas próprias opiniões, que tão firmemente estão arraigadas no cerne do nosso ser); ídolos do fórum (opiniões formadas em nós baseadas na interação com os outros); e os ídolos do teatro (opiniões impostas a nós por tudo aquilo que julgamos como autoridade).
     Seguindo a linha de raciocínio desse pensador, ratifico o que antes afirmei: o meu ser não é vinculado a absolutamente nada. Sei que hoje tenho dezenove, quase vinte anos; sei quem são meus pais, sei onde moro, sei do que gosto, do que não gosto; o que quero e o que não quero para mim. Mas nada disso sou eu, propriamente.
     Sigo na luta para me livrar de meus ídolos. Por vezes, pensei estar mentindo para mim mesmo, quando estava na verdade reeducando minha mente. Os ídolos são traiçoeiros. Parasitam sua mente e se camuflam no seu ser. Cabe a cada um de nós encontrá-los e destruí-los. A batalha é dolorosa, mas a vitória é iminente.